domingo, fevereiro 27, 2011

HOSPITAL POLÍTICO DE LAMEGO






CARO CIDADÃO...

…De Lamego e/ou destas terras do Douro Sul, que recebe esta informação:

ACEITE O DESAFIO PARA ABRAÇAR ESTA CAUSA PÚBLICA, DE PURA CIDADANIA (QUE É UMA CAUSA DE TODOS NÓS) E HÁ-DE APARECER ALGUÉM CAPAZ DE LHE DAR ROSTO, CORPO E ALMA.

Nota – Este documento não representa nenhum movimento organizado (uma vez que ele ainda não existe). Apenas pretende apresentar um problema, fornecer conteúdos que podem ser replicados, informar as pessoas e, se estas o entenderem, promover o aparecimento de medidas que contribuam para a sua resolução. Tudo isto resguardando o mensageiro… se concordar.

HOSPITAL DE PROXIMIDADE DE LAMEGO (HPL)

Factos MUITO PREOCUPANTES, decorrentes do programa funcional do HPL

Ideias principais:

a) O novo hospital de Lamego não vai ter qualquer cama de internamento para doentes agudos, nem mesmo na área da Medicina.

b) Qualquer destes doentes que precise de ser internado tem que ser remetido para Vila Real.


c) As 30 camas que o novo hospital terá e que estão previstas no programa funcional, são camas de convalescença/cuidados continuados, quer dizer, camas para receber doentes após o internamento agudo (em Vila Real). Estas 30 camas de cuidados continuados são da Rede Nacional de Cuidados Continuados, têm critérios bem definidos por Lei, e apenas uma reduzida percentagem de doentes da área da medicina tem indicação para aí serem admitidos, como é o caso de um ou outro doente com um AVC de recuperação rápida. Por ex. nos últimos 2 anos, já com o centro hospitalar a funcionar em rede com as 4 unidades hospitalares, os doentes agudos internados na medicina foram, em média, 1450 por ano e, destes, apenas tiveram indicação para a convalescença 2,3%. Não é destes doentes que vão para os Cuidados Continuados que estamos a tratar nem são estes que nos preocupam, porque são e serão sempre uma muito pequena minoria.


d) O serviço domiciliário e o hospital dia não substituem o internamento de doentes agudos. São serviços complementares para serem utilizados por doentes que necessitam de tratamento hospitalar mas não necessitam estar internados (hospital Dia por exemplo para fazer curativos, administração de fármacos) e para os que necessitam tratamento enfermagem após alta hospitalar (cuidados domiciliários.). Para os doentes agudos, que têm que estar internados, e quem o decide é o médico e não o gestor ou o politico, este doente precisa de uma cama hospitalar para se deitar.

e) O Serviço de Medicina está quase sempre “cheio” de doentes (média de idades superior a 70 anos) com patologias/diagnósticos que requerem efectivo internamento em unidade de agudos, sem critérios para a convalescença (como se pode observar nos dados estatísticos e médicos) e não patologias que podem ser tratadas no âmbito da Convalescença, como por exemplo AVCs em fase aguda, Insuficiências cardíacas descompensadas, pneumopatias, Insuficiencias hepáticas descompensadas.

f) O hospital de proximidade de Lamego é o único no país que não tem camas para internamento de agudos pois outros hospitais de proximidade, posteriormente agendados, têm camas e muitas, nomeadamente Barcelos (97 camas) e Amarante (60 camas), aqui bem perto. Outros mais haverá... Nestes casos, apesar de o modelo organizacional inicial ser o mesmo que o nosso, foi possível proceder a alterações e colocar camas para internamento de agudos, por força das Instituições e sociedade locais. Pelos vistos, continuam a existir Portugueses de primeira e de segunda…

g) Pelo que se conhece, os técnicos de saúde/médicos do CHTMAD e Direcção Clínica defendem que Lamego precisa de ter camas de internamento. Porém, por decisão/critérios políticos, esta opinião técnica não tem sido considerada.

h) Como se referiu, só o serviço de Medicina do actual Hospital de Lamego tem tratado entre 1400 e 1500 doentes, por ano, com taxas de ocupação de tal forma elevadas (na casa dos 100%) que as 45 camas de que dispõe não são suficientes e, frequentemente, é preciso deslocar doentes da Medicina para Cirurgia ou Ortopedia (diminuindo a capacidade operatória e aumentando o risco de infecção hospitalar).

i) A breve prazo é preciso tomar uma decisão sobre estes doentes e, se nada se alterar, passarão a ser remetidos para Vila Real onde já não existem camas suficientes para as necessidades existentes, quanto mais para receber este aumento significativo, de um número que tem vindo a crescer e dificilmente será menor.

j) As pessoas desta cidade e desta região sabem isto? Estão conscientes das dificuldades que isto acarreta? Merecem isto? Aceitam este modelo, imposto, como se não houvesse alternativa? Um hospital que custa 40 milhões de euros aos contribuintes e não tem uma cama para internar as 80.000 pessoas desta região?

k) Os políticos e as Instituições ainda não conseguiram resolver este problema. Agora, sobra e há que tentar uma réstia de esperança. Tentar que isto seja uma causa de cidadania/municipalidade e que a sociedade civil seja capaz de se organizar para melhorar este modelo de hospital. E há certamente muita gente que se pode interessar e ajudar: Os jornais e os jornalistas (há-de os haver que gostem da sua terra), os jovens “faceboock”, os jovens “Deolinda”, os jovens dos blogues e dos SMS (onde estão?), a Liga do Hospital, a Igreja (pilar visível? alicerce enterrado? desta sociedade), as escolas, os grupos de jovens dos 8 municípios, os escuteiros, os bombeiros, os centros de saúde, as farmácias, as pessoas já aposentadas e com valor e tempo disponíveis. Até as “JOTAS” partidárias poderiam dar as mãos num exemplo único de interesse público supra partidário e em prol de uma região que vai perdendo coisas… há anos a esta parte. Onde estão os JOVENS defensores de causas e de valores solidários. Os jovens capazes de mudar o mundo?

l) Esta é uma causa de cidadania. Não é contra ninguém, é a favor da cidade e da região que deve reclamar o direito de ter algumas camas hospitalares para “deitar” os seus doentes. Este modelo de organização hospitalar não é intocável ou infalível e pode ter alternativas para assegurar estas camas. BASTA (fazer) QUERER

m) Parafraseando Marisa: Ó gente da minha terra, … esta tristeza que eu sinto, foi de vós que a recebi. É PRECISO MUDAR ESTE FADO. Acabar com esta tristeza, esta passividade e este fatalismo que nos tolhe, nos acomoda e nos mata devagarinho…

OUTROS DADOS

1 - Perspectiva Histórica

Em 2006, o Hospital de Lamego, com projecto e construtor já seleccionado foi “cancelado” in-extremis e, de seguida, foi imposto este Hospital de Proximidade Lamego (HPL) com uma missão, estrutura e programa funcional muito diferentes do que existia. Este programa funcional mantém-se inalterado até à presente data e não se prevê vir a ser alterado, apesar de várias opiniões e posições contrárias.

Entretanto já encerrou a Maternidade e a Pediatria, já se enviam os doentes agudos para operar em Vila Real, já se reduziram camas na Medicina e área cirúrgica e há-de seguir-se o resto até ficar apenas o que está previsto no programa funcional.

Se em relação à Maternidade e Pediatria (grandes perdas já concretizadas) se pode argumentar com taxas de ocupação dos serviços bastante reduzidas e com uma perspectiva de diminuição do número de nascimentos e crianças, entre outros…, relativamente aos idosos/adultos, a perspectiva é diametralmente oposta: o Serviço de Medicina está quase sempre “cheio” e tem vindo a aumentar o número de doentes tratados.

Prevê-se que o HPL esteja pronto antes do fim de 2011.

3 - Contexto sócio político e profissional:

Dr. Carlos Vaz, Presidente do Conselho de Administração do CHTMAD/Ministério da Saúde não abdica da “menina dos olhos” que é este “hospital de proximidade”, copiado de um outro em Barcelona, Espanha, inspirado em modelos Americanos de contexto muito diverso do nosso, o primeiro em Portugal, mas sem camas para internamento das 80.000 pessoas desta região.

Câmara Municipal de Lamego, Assembleia Municipal, Presidente da Câmara etc… não têm tido argumentos nem “força” para alterar situação. Foi-se concordando com o ganho que se obteve porque esta solução era melhor que a não construção do hospital anulado em 2006 (melhor que nada…). Porém, se esta solução tem alguns pontos fortes, não assegura o fundamental. Não assegura as especialidades básicas como, até, está previsto no despacho de criação do hospital e como se impõe salvaguardar em prole das necessidades fundamentais e legítimo interesse de uma população e de uma região com história e identidade sócio cultural própria.

Políticos (pessoas/partidos) – Pelas mais diversas razões, nem sempre muito “claras” e altruístas, uns não querem, outros não podem e outros, ainda, não lhes interessa fazer adequar o programa funcional.

Técnicos de saúde – Têm tentado alertar para problemas e apresentar argumentos e alternativas no sentido de promover uma melhor adequação do programa funcional, mas não têm tido força/peso interno para o conseguir. Estão também limitados porque são funcionários da Instituição.

Tem havido várias reuniões, conversas e documentos a diferentes níveis (Câmara, Assembleia Municipal, Partidos, CHTMAD, grupos de afinidade, etc.), mais ou menos formais, mas sem qualquer resultado visível até à data.

4 - Outros aspectos a considerar

Hospital de Proximidade de Lamego – Área de Influência: 8 concelhos – 80.000 habitantes (Armamar, Lamego, Moimenta, Penedono, S. J. da Pesqueira, Sernancelhe, Tabuaço, Tarouca).

CHTMAD integra Vila Real, Chaves e Lamego mas:

-Hospital de Lamego – 80.000 habitantes - 45 camas de medicina – PARA FECHAR

-Hospital de Chaves – 82.000 habitantes - 61 camas de medicina – para manter

Porquê? O Hospital de proximidade, sem camas, só é bom para Lamego? Em Vila Real e Chaves precisam de camas para internamento de doentes agudos e Lamego não precisa? Não merece a pena?

A população idosa vai aumentar. Isto todos sabem. O seu nível de dependência, isolamento e fragilidade é cada vez maior. Verifica-se cada vez maior co-morbilidade, mais co-existência de múltiplos diagnósticos (múltiplas doenças em simultâneo) levando a um aumento do risco de acontecer episódios agudos de doença por desequilíbrio de uma destas patologias, com necessidades de recorrer ao internamento.

Desde a integração/criação do CHTMAD em 2006, já lá vão 5 anos, o Hospital de Vila Real não aumentou o nº de camas para a área da medicina interna (excepto +/- 24 camas para infecto-contagiosas). As camas de medicina, por sistema, estão sempre cheias e os doentes andam “espalhados” por outros Serviços ou pelos corredores e, que se conheça, a curto médio prazo, não se perspectiva nada de muito diferente…

O novo hospital de Lamego tem um padrão de organização de “vanguarda”, mas nunca foi testado em Portugal (foi em Barcelona e nos EUA::J) e esta experiência vai, logo, ser feita numa região como esta, com assinaláveis défices sociais, demográficos, económicos, infra-estruturais e de saúde.

O Hospital centrará a sua actividade nas valências de cirurgia de ambulatório, consulta externa, urgência básica, hospital de dia e visitas domiciliárias, mas, por exemplo, o Serviço de Consultas Externas do actual hospital já tem excelentes condições. E quantas consultas funcionam? Quantas especialidades? E quantas funcionam bem? Quantos médicos vêm a Lamego? Quantas vezes por semana?

O novo hospital de Lamego terá excelentes recursos e, até, lugar para os profissionais que existem no actual hospital. Porém, estes recursos, pagos com o nosso dinheiro não poderão dar resposta ao que esta população precisa, pelo menos no que diz respeito ao internamento de agudo, área base e nuclear de um HOSPITAL.

O tempo urge. Ou seja, no dia em que fecharem as camas, nomeadamente as de Medicina do Hospital de Lamego, muito dificilmente voltarão a abrir e é enorme o risco (quase uma certeza…) de os doentes desta região terem que ser enviados e estar internados em qualquer serviço do hospital de Vila Real, onde houver uma “camita”…ou num qualquer corredor à espera de uma. E o tempo urge porque falta pouco tempo para o novo hospital estar definido e concretizado.